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sábado, 22 de janeiro de 2022

Credenciais X Potencial - por Mônica Camargo Tracanella

Mônica Camargo - Foto: Divulgação

“Mas por que você saiu do mercado e agora quer voltar?”


Confesso que ouvi essa pergunta não uma, mas algumas vezes durante as entrevistas que fiz pouco antes de deixar o mundo corporativo.

Isso porque, após 20 anos trabalhando no RH de grandes empresas, com desenvolvimento profissional, liderança, cultura e gestão da mudança, fui trabalhar por 4 anos em um family office, sendo responsável pela formação de acionistas, desenvolvimento de herdeiros e governança familiar.

Eu nunca considerei ter “saído do mercado”, afinal de contas, o cerne do meu trabalho era exatamente o mesmo - desenvolvimento e formação - mas em um ambiente diferente, e com foco no preparo específico de membros de famílias empresárias.

Na verdade, fiquei até muito mais completa e preparada, em todos os sentidos, após essa rica experiência, saindo com meu repertório muito mais amplo e completo.

Para algumas pessoas, entretanto, esse ponto virou um “porém” que acabou colocando em dúvida se eu realmente era a melhor opção para determinada vaga em determinado momento.

Mas não estou aqui para me lamentar (embora tenha me lamentado muito na época). Estou trazendo esse tema porque, por mais que o mundo e o mercado de trabalho tenham mudado, e por mais que, atualmente, as trajetórias profissionais não sejam mais tão lineares e as formações não tão tradicionais, alguns profissionais ainda têm sentido muitas dificuldades no momento das entrevistas.

Isso se deve ao fato de que, na grande maioria das vezes, as contratações ainda acontecem mais por cargos ocupados do que por repertório acumulado, ou seja, se existe uma posição de Gerente de Marketing aberta, muito provavelmente os recrutadores pesquisarão por profissionais da própria área de Marketing, que estejam em um nível de Gerência ou Coordenação.

Em tese, essa seria a forma mais óbvia e mais fácil de encontrar a “pessoa certa” e “garantir” o conhecimento e a entrega do que é necessário – mas muito mais difícil de surpreender e inovar, agregando diferentes vivências, experiências e novas perspectivas à área.

É claro que existem posições que exigem experiências e formações específicas, mas precisamos começar a entender se realmente tais experiências e conhecimento vêm somente de uma única fonte.

O ponto é que, se em um processo seletivo dentro de sua “própria área” já é desafiador se destacar e ser selecionado, quando é para um cargo ou área que não consta formalmente no seu currículo, esse desafio é ainda maior.

Muitos dos meus clientes – principalmente aqueles de carreiras não lineares, de atuações mais generalistas ou que querem mudar de área – me trazem exatamente essa dificuldade.

Se esse é o seu caso, saiba, desde já, que cabe a você construir uma narrativa que evidencie de fato a prontidão para a posição desejada.


Aqui vão algumas dicas:



Conecte os pontos: você já trabalhou no RH, no Comercial, com Atendimento ao Cliente (dentre outras áreas) e as pessoas tendem a achar que você está sem foco? Faça uma reflexão sobre sua contribuição nessas diferentes áreas e conecte os pontos, dando sentido à sua trajetória. Ajude as pessoas a  entenderem esse sentido;

Tenha total clareza sobre seu potencial: conhecer suas forças e diferenciais é essencial para que você possa falar sobre eles em uma entrevista – faça um belo apanhado sobre sua trajetória, relembrando maiores desafios, maiores entregas, e quais competências foram necessárias utilizar e desenvolver para atingir os resultados – essa é a sua caixa de ferramentas;

Construa sua narrativa com base em fatos e dados: importante trazer exemplos de como você resolveu situações ou fez as suas entregas. Fale, também, sobre o que cada experiência te trouxe em termos de repertório, e como esse repertório te diferencia e poderá ser usado nesse novo desafio – como suas ferramentas poderão ser utilizadas;

Fique por dentro das vagas: acompanhe os anúncios e veja o que as vagas semelhantes estão buscando em termos de conhecimento técnico. Isso ajudará você a entender como poderá trabalhar com as ferramentas que já possui e, também, a correr atrás de possíveis gaps – precisa adquirir novas ferramentas?

Aqueça sua rede de relacionamentos: quando o assunto é processo seletivo, indicações contam muito, e, caso o entrevistador ainda tenha dúvidas sobre você, uma boa recomendação poderá ajudar. Quanto mais você mergulhar na sua história, mais fácil será se preparar para este momento. E, quanto mais se preparar, mais autoconfiante você ficará, aumentando muito as suas chances de sucesso.

Boa sorte!

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